Jornal Realidade Semanal entrevista o delegado Dr. José Vitor Bacetti

Na penúltima edição, focamos em nosso semanário a onda de criminalidade que acerca o povo de Itararé, principalmente com arrombamentos de residências, furtos e assaltos, e ultimamente em plena luz do dia e a mão armada.

O “Jornal Realidade Semanal” entrevistou o delegado de polícia, Dr. José Vitor Bacetti, que nos esclareceu vários pontos e expôs sua visão sobre diversos temas.

RS -Quem é Vitor Bacetti e de onde veio?

Dr. Vitor: É um profissional de polícia que está nessa área há 26 anos, começou suas atividades aos 19 anos como soldado PM e depois Cabo e Sargento. Após concluir a faculdade de direito, em 1993 prestei concurso para delegado. Já passei por Aguaí, Bom Sucesso de Itararé, Itapecerica da Serra, Embú e desde 2001 estou em Itararé

RS - Qual o plano para o futuro?

Dr. Vitor -Meus planos são diários. Sempre procuro fazer o melhor e me dedico totalmente ao meu dia e vou procurar agir sempre desta forma.

RS -Qual sua rotina na vida social?

Dr Vitor -A nossa rotina de trabalho não nos permite ter uma vida social intensa e meu perfil também não é de participar intensamente de grandes agito. Mas sempre quando possível, estou com amigos em churrasquinhos e gosto de um bom bate papo.

RS -O Senhor se considera uma pessoa maleável ou um delegado “durão”?

Dr. Vitor -As duas coisas. Procuro ser sempre maleável e sociável, mas justo e firme em minhas decisões pois a minha profissão exige este comportamento

RS -O senhor acredita em Deus? Participa de alguma religião?

Dr. Vitor – Claro, acredito e muito! Deus é tudo e tudo que existe foi ele quem criou. Nosso mundo e nosso fôlego de vida. Se não existisse, nós também não existiríamos. De uns tempos para cá, senti uma necessidade maior em estar mais próximo de Deus. Estou cursando Teologia para conhecer melhor o nosso Senhor.

RS -Como o senhor vê a criminalidade hoje em Itararé, está aumentando?

Dr. Vitor -Estou em Itararé há 10 anos e acompanho a situação da criminalidade. Lamentavelmente tem crescido sim. Temos vistos que alguns tipos de crimes que há três ou quatro anos atrás não tínhamos, hoje passamos a ter.

RS -Qual o crime mais frequente em Itararé hoje, Doutor?

Dr Vitor -O crime não tem fronteira é globalizado. Em Itararé não temos crimes bárbaros como em grandes centros e gangues. Hoje convivemos mais com crimes por tráfico de drogas em decorrência dos usuários que aumentaram consideravelmente e não existe uma ação eficaz dos governos no sentido de reverter esta situação

RS -A polícia está preparada para combater a criminalidade hoje existente?

Dr Vitor -Está preparada sim. Não perdemos o controle da situação. Apesar do número reduzido de agentes, ainda estamos conseguindo saber quem são esses criminosos e estamos fazendo todos os dias flagrantes, juntamente com a Polícia Militar, e buscando combatê-los. É um trabalho de enxugar gelo.

RS -Quantos homens há mais serão necessários para compor o quadro em Itararé?

Dr Vitor -Precisaríamos de pelo menos mais quinze homens entre investigadores, escrivães, agentes policiais e carcereiros para atender todo o município

RS -O que o senhor diz sobre os furtos em residências que virou febre ultimamente?

Dr Vitor -Por conta do aumento dos usuários de drogas, estes necessitam de recursos para comprar a droga e por não ter trabalho, passam a furtar. É interessante que fechem bem suas residências e de preferência, nunca deixá-la totalmente sozinha.

RS -Se um bandido for baleado ou ferido gravemente por uma vítima na ocasião de um furto, em sua residência ou na rua, qual a penalidade prevista a esta vítima?

Dr. Vitor – A sua residência é seu asilo inviolável. Nela ninguém pode penetrar e isto é constitucional. Portanto se alguém invadir com a intenção de furtar ou roubar, você de posse de uma arma de fogo, desde que devidamente registrada, poderá sim até disparar contra o bandido, pois você não irá assistir tudo pacificamente. Nesse caso você está amparado legalmente.

RS -Quantos presos existem hoje na cadeia da cidade? – Qual é o seu limite máximo?

Dr Vitor -Por ser um prédio antigo e de dimensões pequenas, seriam de 32 presos. Há vários anos esse numero é bem maior, chegando até a 100 presos. Hoje contamos com aproximadamente 60 presos.

RS -A cadeia de Itararé está adequada para abrigar presos de alta periculosidade?

Dr Vitor – Entendo que não está, principalmente se este faz parte de uma organização criminosa como o PCC. Presos que são pra cá transferidos, levantamos seu histórico para que possamos ficar precavidos e, quando perigosos, providenciamos de imediato sua transferência para outros presídios.

RS -Se o senhor tivesse poderes para mudar o sistema penal, o que faria?

Dr Vitor – Faria muita coisa. Tanta coisa teria que ser mudada. Faria com que as leis fossem como o da “Maria da Penha” que é a única ágil e que deu certo. As mudanças na legislação penal sempre favorece o delinquente. Não vejo empenho nas autoridades em criar leis que beneficie a vítima. Cadeia não reeduca. Cadeia é feita para pagar pena. Cadeia foi feita para livrar a sociedade de marginais que não podem viver misturados com ela e tem que serem excluídos.

RS -Um ponto negativo da polícia hoje?

Dr. Vitor -Infelizmente ainda há alguns bandidos que se escondem atrás de uma carteira ou de uma farda para cometerem crimes. Mas graças a uma Corregedoria de Polícia mais firme, o Ministério Público, ao Judiciário e a Imprensa que investigam as denùncias, creio que já aconteceu uma redução grande desses casos que são isolados.

RS - Um ponto positivo?

Dr Vitor -A persistência, a garra, a dedicação e a superação que, mesmo sem contar com um grande efetivo, vem se desdobrando e dando sua parcela de contribuição para uma sociedade melhor.

RS -Uma mensagem à população.

Dr Vitor -Estamos trabalhando por você. Conte sempre conosco e procure nos ajudar fazendo a sua parte. Denuncie a criminalidade e confie sempre na polícia que, com muita fé em Deus alcançaremos nossos objetivos.