Dr. Bruno de Moura Campos - Promotor de Justiça de Itararé - 1ª Vara
O “Jornal Realidade Semanal” vem desenvolvendo uma série de entrevistas com personalidades do município, pessoas de diversos segmentos da sociedade que deixarão seus nomes gravado na história do município.
Essa semana estaremos conversando com o jovem Promotor de Justiça de Itararé, Dr. Bruno de Moura Campos.
RS – Descrição familiar?
Dr. Bruno – Tenho 31 anos, sou recém casado, casei-me há dois meses e residimos em Itararé
RS – Gostou da cidade de Itararé?
Dr. Bruno – Sim, gostei muito. Povo hospitaleiro, educado. Estou gostando sim.
RS - De onde o senhor vem e há quanto tempo está em Itararé?
Dr. Bruno – Vim de Santos, sou natural de lá e estou em Itararé há dois anos.
RS – Essa sua profissão permite que tenha uma vida social ativa?
Dr. Bruno – A profissão impõe algumas restrições, mas nada impede que eu possa ter diversão, de acordo com os limites que a profissão impõe. Não dá pra falar que é a mesma antes de ser promotor de Justiça, mas tenho uma vida social sim.
RS – O senhor é um rapaz jovem. Há quanto tempo está na profissão?
Dr. Bruno – Me formei, advoguei e fui defensor público por três meses. Ingressei no MP em agosto de 2007.
RS – Fale-nos um pouco de sua conduta. O senhor é “linha dura”?
Dr Bruno – Isto é complicado. Todos falam que Promotor é “linha dura”. Qual a definição disso? - Se “linha dura” for um defensor intransigente da Lei, então eu sou “linha dura” sim! - Posso não concordar com a Lei, mas sigo o que ela dispõe.
RS – Qual é a função principal de um Promotor de Justiça?
Dr Bruno – São várias atribuições. A atividade principal que caracteriza o MP é promover a ação penal, ou seja, em casos de crimes denunciar os envolvidos buscando uma condenação. Há também inúmeras outras atribuições como: proteção ao meio ambiente, ao idoso, ao jovem, a criança, a probidade administrativa, entre outras.
RS – O que o levou a ingressar no Ministério Público, foi uma oportunidade na carreira ou meta?
Dr. Bruno – O MP foi uma instituição em que sempre admirei pelas suas funções e atribuições. Estudando, passei a conhecer profundamente o que é o MP, prestei concurso em São paulo e obtive exito, sendo aprovado.
RS – Como foi sua iniciação na carreira? - Espantou no início?
Dr. Bruno – O início é realmente assustador. Os conhecimentos antes são teóricos e não sabemos o que ocorre no dia a dia, mas com o tempo vamos nos acostumando e desenvolvemos um trabalho satisfatório.
RS – O senhor está realizado profissionalmente, gosta do que faz?
Dr. Bruno – Adoro o que faço e estou realizado sim profissionalmente, porém temos que nos evoluir sempre. Tenho metas e sonhos que futuramente pretendo alcançá-los.
RS – Em quantas comarcas o senhor já atuou? – Itararé está entre as mais problemáticas ou não?
Dr. Bruno – Atuei muito como substituto em várias cidades na região litorânea de São Paulo. Como titular, Itararé é a primeira e comparado com outras cidades do mesmo porte, posso dizer que Itararé é bem tranquila.
RS - Destaque pontos positivos e negativos da atuação como membro do MP.
Dr. Bruno – O ponto positivo é poder transformar a realidade social, melhorar a vida das pessoas, poder lutar por alguns valores, tornar nossa sociedade mais justa, o estado mais eficiente e menos corrupto.- O ponto negativo é que as vezes o sistema jurídico deixa a desejar, há muita demora, não por culpa do Juiz ou do judiciário, mas por falta de recursos e da forma em que as leis são feitas.
RS – O código penal em sua opinião deveria ser reformulado?
Dr. Bruno – Acho que a lei é desproporcional. Em alguns casos graves ela tem penalidade branda e em casos não tão graveis que necessitaria de pena branda, ela é grave.
RS – Como o senhor analisa a criminalidade em Itararé? – está dentro de um percentual aceitável?
Dr. Bruno – Aceitar a criminalidade é complicado. O ideal seria não existir o crime, mas comparando com outras cidades, Itararé está dentro do aceitável.
RS – Quais os casos mais frequentes que passam pela Promotoria de Itararé?
Dr. Bruno – São crimes de natureza patrimonial: furtos, roubos, tráficos de drogas e crimes envolvendo violências domésticas. Estes são os principais.
RS – Há uma boa relação entre a Delegacia de Polícia e a promotoria de Itararé no combate a criminalidade?
Dr. Bruno – Existe. Os delegados de Itararé são bastante atuantes. Temos uma boa relação sim. Há um contato bom entre as instituições.
RS – Os políticos de Itararé dão muito trabalho a Promotoria?
Dr. Bruno – Hum... Os políticos de Itararé dão um pouco de trabalho sim. Apesar de nossas eventuais lides forenses, a busca do MP é sempre atingir o que é melhor para a sociedade. Há casos em que os interesses são convergentes e há casos que são divergentes, mas isso é da democracia.
RS – Com relação ao Conselho Tutelar, como estão os trabalhos voltados a criança e ao adolescente no município?
Dr. Bruno – Essa é uma matéria da promotoria da segunda vara. Como observador, acredito que o Conselho tem que ter uma postura mais ativa no controle. Não adianta colocar a culpa no Conselho, no Promotor ou no Juiz; o problema é familiar, é na educação familiar.
RS – Como o senhor vê a livre exposição sexual nas novelas de TV atualmente? – É prejudicial à formação da criança e do adolescente?
Dr Bruno – Realmente existe um conteúdo apelativo e falta um controle maior por parte do Poder Executivo Federal, não estou falando em censura. As redes de TV são concessões e como detentor desse poder, o Executivo poderia estar controlando melhor essa exposição desnecessária. O recomendável é desligar a TV ou mudar de canal nesses casos.
RS – Considerando esse tempo em que está em Itararé, qual o balanço que o senhor faz dos problemas do município?
Dr Bruno – Temos problemas decorrentes das drogas que acabam desencadeando outros delitos como roubos, furtos, que é de difícil solução pois dependem de outros poderes. - Temos ainda problemas políticos de improbidade administrativa, problemas ambientais no caso de saneamento básico da cidade , adolescentes fora da escola, entre outros.
RS – Se o senhor fosse o “imperador do mundo”, quais seriam seus dez mandamentos?
Dr. Bruno – Não tenho pretensão de ser imperador do mundo não. Os dez mandamentos é muito difícil essa pergunta é complicado responder isso. É muita responsabilidade ser imperador do mundo. Se todo mundo fosse mais solidário acho que já seria melhor.
Minha mensagem é de esperança que dias melhores virão. O MP está sempre de portas abertas a população, as quartas-feiras para as reclamações onde procuramos orientar os caminhos a ser seguidos e que a população tenha certeza que o MP trabalhará sempre na busca do bem comum. As vezes o bem comum não agrada a determinadas pessoas, mas sempre estaremos buscando o melhor para o interesse público.